Uma poderosa tempestade solar poderia acabar com a internet?
Sabe-se que o clima espacial causa quedas de energia e interrompe a função dos satélites.
Na novela de 2019 de Becky Chambers, “To Be Taught, If Fortunate”, uma enorme tempestade solar destrói a internet da Terra, deixando um grupo de astronautas presos no espaço sem ter como ligar para casa. É uma perspectiva aterrorizante, mas uma tempestade solar poderia derrubar a internet na vida real? E se sim, qual a probabilidade disso acontecer?
Sim, isso poderia acontecer, mas seria necessária uma tempestade solar gigante, disse Mathew Owens, físico solar da Universidade de Reading, no Reino Unido. “Você realmente precisaria de um grande evento para fazer isso, o que não é impossível”, disse Owens. Na verdade, esse fenômeno já aconteceu em pequena escala.
As tempestades solares, também conhecidas como clima espacial, ocorrem quando o sol libera uma intensa explosão de radiação eletromagnética . Essa perturbação lança ondas de energia que viajam para o espaço, impactando outros corpos do sistema solar, incluindo a Terra . Quando as ondas eletromagnéticas interagem com o próprio campo magnético da Terra, elas têm alguns efeitos.
A primeira é que eles fazem com que correntes elétricas fluam na atmosfera superior da Terra, aquecendo o ar “exatamente como seu cobertor elétrico funciona”, disse Owens. Essas tempestades geomagnéticas podem criar belas auroras que aparecem nas regiões polares, mas também podem interromper os sinais de rádio e o GPS. Além do mais, à medida que a atmosfera aquece, ela incha como um marshmallow, adicionando resistência extra aos satélites em órbita baixa da Terra e derrubando pedaços menores de lixo espacial fora do curso.
O outro impacto do clima espacial é mais terrestre. À medida que correntes elétricas poderosas fluem através da atmosfera superior do nosso planeta, elas induzem correntes poderosas que fluem também através da crosta. Isso pode interferir nos condutores elétricos situados no topo da crosta, como redes elétricas – a rede de linhas de transmissão que transportam eletricidade das estações geradoras para residências e edifícios. O resultado são quedas de energia localizadas que podem ser difíceis de consertar; um desses eventos atingiu Quebec em 13 de março de 1989, resultando em um apagão de 12 horas, de acordo com a NASA. Mais recentemente, uma explosão solar derrubou 40 satélites Starlink quando a SpaceX não conseguiu verificar a previsão do tempo espacial.
Felizmente, tirar alguns satélites Starlink não é suficiente para atrapalhar o acesso global à Internet. Para derrubar a internet por completo, uma tempestade solar precisaria interferir nos cabos de fibra ótica ultralongos que se estendem sob os oceanos e ligam os continentes. A cada 30 a 90 milhas (50 a 145 quilômetros), esses cabos são equipados com repetidores que ajudam a aumentar o sinal à medida que viaja. Embora os cabos em si não sejam vulneráveis a tempestades geomagnéticas, os repetidores são. E se um repetidor sair, pode ser suficiente para derrubar todo o cabo, e se cabos suficientes ficarem offline, isso pode causar um “ apocalipse da internet ”.
Um apagão global da internet seria potencialmente catastrófico – interromperia tudo, desde a cadeia de suprimentos até o sistema médico, o mercado de ações e a capacidade básica das pessoas de trabalhar e se comunicar.
Existem algumas maneiras de proteger a internet contra a próxima mega tempestade solar. A primeira é proteger redes elétricas, satélites e cabos submarinos contra sobrecargas pelo influxo de corrente, incluindo dispositivos de segurança para desligar estrategicamente as redes durante a tempestade solar.